terça-feira, 6 de julho de 2010

Longe dos riscos


Imagem: http://www.acessa.com/casa/arquivo/truques/2008/12/09-crianca/09-crianca.jpg

Quando Sarah nasceu, ganhei uma borboleta – esquisitíssima, eu sei – da minha mãe. Ao plugá-la na tomada, ela acende e torna o ambiente mais claro. Não entendi, a princípio, sua efetividade. Entretanto, como não tenho abajur no quarto, foi um dos bens mais preciosos que ganhei nos últimos tempos. Toda vez que Sarah chora, emite um som desconhecido ou decide engatinhar no meio da noite, eu ligo a borboleta. Ou então deixo acesa o tempo todo.

Certo dia, estávamos cochilando deitadas num colchão. Tomei um baita susto! Ela simplesmente acordou e foi desvendar os mistérios da borboleta. Eu acordei assustada com o barulho. Quando vejo, enquanto descobria as cores, os detalhes da borboleta, sonhava em colocar o dedo na tomada. Esse é um dos perigos encontrados em casa quando temos crianças. Na hora, lembrei de uma reportagem que fiz para uma publicação do Hospital Samaritano.

Lá trouxemos dicas de como manter os pequenos em segurança. Depois de certa idade, os protetores de tomada, borrachas para as quinas, retiradas dos tapetes de centro são essenciais. Confira neste pdf na página 10 mais dicas de como adaptar a casa a essa época de descobertas e experimentações. Outras informações,você também encontra no site da ONG Criança Segura.


segunda-feira, 5 de julho de 2010

A hierarquia das crianças


 Da direita para esquerda: Sarah, Caio, Izabelle e Giovanna
Há muito tempo não via a casa cheia de crianças. Na minha infância ,a casa de minha avó , onde fui criada, era bem movimentada. No fim de semana revivi um pouco daquela época. Estavam em casa o Caio, meu sobrinho, a Sarah, minha afilhada e filha da Rê de Salvi, a Giovanna e a Izabelle, primas do Flávio. As idades eram variadas: de 10 meses a 5 anos.
Fiquei observando como a brincadeira fluía e reparei certa hierarquia: a mais velha, Izabelle, comandava a brincadeira, enquanto os outros a seguiam. Entre algumas birras e o fim do jogo fiquei imaginando ali, naquela pequena reunião infantil, uma reprodução do que os pequenos vão encontrar quando estiverem crescidinhos. É o que ocorre com todo mundo. Essa é a fase em que “ensaiamos” para praticar na idade adulta.


Para a psicóloga Marina Vasconcellos, em conversa com o Olhos Para o Mundo, é nas brincadeiras que as crianças aprendem o espírito de equipe, a competição, experimentam a própria força e inteligência, convivem com crianças de diferentes idades, aprendem a se defender e necessitam obedecer certas regras para que o jogo flua. Cabe aos pais ensinar sobre o respeito para com os outros, a tolerância com as diferenças, o saber dividir, a não exclusividade dos amigos.
E como nem sempre as brincadeiras terminam de forma feliz para todos, é preciso ensinar a perder. “As crianças precisam aprender a encarar uma derrota como parte natural da brincadeira. Em esportes de grupo a orientação é levar os outros em consideração, para que não dominem sempre deixando os companheiros de lado”, explica Marina.  

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     Para mim restou a saudade de quando ainda estava "ensaiando"! Na arena, é vida real...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A força da vida



Depois de um exaustivo dia de trabalho, aguardava na famigerada fila a minha vez de entrar no ônibus. Logo em frente estava congestionado – de pessoas, não carros. Policiais, motoristas, cobradores. Pensei que fosse tentativa de assalto ou algo do tipo, pois havia duas viaturas, fechando a passagem.

A primeira reação é se irritar. Afinal, todos estavam cansados e querendo voltar para casa. Os olhares curiosos cercavam o ônibus parado em frente ao que eu estava. O cobrador entrou abismado dando a notícia: “A mulher tá tendo nenê lá dentro”. Aí o alvoroço foi geral. Era gente querendo ver, dar palpite, ligar para o Resgate. Meu instinto de repórter me instigou, por uns segundos, a ir até lá e conseguir mais informações: quem era aquela mulher? Ela estava sozinha? Já estava com nove meses? Passou por alguma situação que poderia antecipar o trabalho de parto? Onde planejava ter o bebê? Era seu primeiro filho?

Então me coloquei no lugar dela. Imagine só você estar em trabalho de parto num local nada apropriado e em vez de aparecer um médico, uma parteira ou um curandeiro vem uma jornalista? Ah, desencanei. Fiz uma prece para que tudo corresse bem e que a criança viesse ao mundo com saúde e abrisse os olhos de seus pais para o mundo.

O ônibus em que eu estava saiu. Consegui ver de relance a mulher lá dentro cercada de curiosos. Segundos depois as viaturas ligaram suas sirenes e saíram em disparada. Deviam estar seguindo para o hospital mais próximo. Não soube nada sobre o bebê e sua mãe. Mas tive uma certeza: a da força da vida, que vem e vai quando a gente menos espera. O que incomoda e faz refletir é que não temos nenhum controle sobre isso. Simplesmente acontece.