quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma manhã de descobertas





Como boa paulistana que sou, decidi fazer o teste do novo trecho do metrô. Em tese, essa nova linha facilitará minha chegada ao trabalho. A promessa era fazer o trecho em menos de quatro minutos. De ônibus levo cinco vezes mais. Todos que estavam indo para a estação Paulista pareciam cronometrar o tempo. Comigo não podia ser diferente. Marquei no relógio a hora que entrei na estação, o tempo que levei para chegar até a plataforma (são muitas escadas para descer. Se não me engano, seis lances) e o tempo do trajeto.
A modernidade paira no ar. Portas antissuicídio, trem sem condutor, catracas com sensor de presença e, é claro, o que mais interessa aos paulistanos: economia de tempo. E apesar de tudo isso, o que mais me chamou a atenção foram dois largos sorrisos cruzando o vagão em que eu estava. Eram um avô e seu neto. Ambos descobrindo o novo, cada um a seu modo e em sua velocidade. O menino estava empolgadíssimo e dizia: “Vem vô! Olha só, não tem mais parede entre os vagões. Vamos andar por todo o trem”. O avô, que tinha certa dificuldade de se locomover, também explorava essa nova experiência. A expressão de fascínio era a mesmo nos dois rostos. E lá se foram eles prestando atenção em cada detalhe, até sumirem por entre os passageiros. Segundos depois chegamos ao destino final.
Eu esqueci de finalizar o cronômetro e cheguei a duas conclusões: 1. Todo mundo tem uma criança dentro de si, sempre disposta a explorar, conhecer, questionar, descobrir. 2. O tempo – na verdade a falta dele – nos faz sufocar essa criança e nos preocupar muito mais com os segundos a economizar do que com o que realmente importa. Cheguei atrasada no trabalho por conta do teste, mas feliz da vida!   

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