terça-feira, 6 de julho de 2010

Longe dos riscos


Imagem: http://www.acessa.com/casa/arquivo/truques/2008/12/09-crianca/09-crianca.jpg

Quando Sarah nasceu, ganhei uma borboleta – esquisitíssima, eu sei – da minha mãe. Ao plugá-la na tomada, ela acende e torna o ambiente mais claro. Não entendi, a princípio, sua efetividade. Entretanto, como não tenho abajur no quarto, foi um dos bens mais preciosos que ganhei nos últimos tempos. Toda vez que Sarah chora, emite um som desconhecido ou decide engatinhar no meio da noite, eu ligo a borboleta. Ou então deixo acesa o tempo todo.

Certo dia, estávamos cochilando deitadas num colchão. Tomei um baita susto! Ela simplesmente acordou e foi desvendar os mistérios da borboleta. Eu acordei assustada com o barulho. Quando vejo, enquanto descobria as cores, os detalhes da borboleta, sonhava em colocar o dedo na tomada. Esse é um dos perigos encontrados em casa quando temos crianças. Na hora, lembrei de uma reportagem que fiz para uma publicação do Hospital Samaritano.

Lá trouxemos dicas de como manter os pequenos em segurança. Depois de certa idade, os protetores de tomada, borrachas para as quinas, retiradas dos tapetes de centro são essenciais. Confira neste pdf na página 10 mais dicas de como adaptar a casa a essa época de descobertas e experimentações. Outras informações,você também encontra no site da ONG Criança Segura.


segunda-feira, 5 de julho de 2010

A hierarquia das crianças


 Da direita para esquerda: Sarah, Caio, Izabelle e Giovanna
Há muito tempo não via a casa cheia de crianças. Na minha infância ,a casa de minha avó , onde fui criada, era bem movimentada. No fim de semana revivi um pouco daquela época. Estavam em casa o Caio, meu sobrinho, a Sarah, minha afilhada e filha da Rê de Salvi, a Giovanna e a Izabelle, primas do Flávio. As idades eram variadas: de 10 meses a 5 anos.
Fiquei observando como a brincadeira fluía e reparei certa hierarquia: a mais velha, Izabelle, comandava a brincadeira, enquanto os outros a seguiam. Entre algumas birras e o fim do jogo fiquei imaginando ali, naquela pequena reunião infantil, uma reprodução do que os pequenos vão encontrar quando estiverem crescidinhos. É o que ocorre com todo mundo. Essa é a fase em que “ensaiamos” para praticar na idade adulta.


Para a psicóloga Marina Vasconcellos, em conversa com o Olhos Para o Mundo, é nas brincadeiras que as crianças aprendem o espírito de equipe, a competição, experimentam a própria força e inteligência, convivem com crianças de diferentes idades, aprendem a se defender e necessitam obedecer certas regras para que o jogo flua. Cabe aos pais ensinar sobre o respeito para com os outros, a tolerância com as diferenças, o saber dividir, a não exclusividade dos amigos.
E como nem sempre as brincadeiras terminam de forma feliz para todos, é preciso ensinar a perder. “As crianças precisam aprender a encarar uma derrota como parte natural da brincadeira. Em esportes de grupo a orientação é levar os outros em consideração, para que não dominem sempre deixando os companheiros de lado”, explica Marina.  

***


     Para mim restou a saudade de quando ainda estava "ensaiando"! Na arena, é vida real...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A força da vida



Depois de um exaustivo dia de trabalho, aguardava na famigerada fila a minha vez de entrar no ônibus. Logo em frente estava congestionado – de pessoas, não carros. Policiais, motoristas, cobradores. Pensei que fosse tentativa de assalto ou algo do tipo, pois havia duas viaturas, fechando a passagem.

A primeira reação é se irritar. Afinal, todos estavam cansados e querendo voltar para casa. Os olhares curiosos cercavam o ônibus parado em frente ao que eu estava. O cobrador entrou abismado dando a notícia: “A mulher tá tendo nenê lá dentro”. Aí o alvoroço foi geral. Era gente querendo ver, dar palpite, ligar para o Resgate. Meu instinto de repórter me instigou, por uns segundos, a ir até lá e conseguir mais informações: quem era aquela mulher? Ela estava sozinha? Já estava com nove meses? Passou por alguma situação que poderia antecipar o trabalho de parto? Onde planejava ter o bebê? Era seu primeiro filho?

Então me coloquei no lugar dela. Imagine só você estar em trabalho de parto num local nada apropriado e em vez de aparecer um médico, uma parteira ou um curandeiro vem uma jornalista? Ah, desencanei. Fiz uma prece para que tudo corresse bem e que a criança viesse ao mundo com saúde e abrisse os olhos de seus pais para o mundo.

O ônibus em que eu estava saiu. Consegui ver de relance a mulher lá dentro cercada de curiosos. Segundos depois as viaturas ligaram suas sirenes e saíram em disparada. Deviam estar seguindo para o hospital mais próximo. Não soube nada sobre o bebê e sua mãe. Mas tive uma certeza: a da força da vida, que vem e vai quando a gente menos espera. O que incomoda e faz refletir é que não temos nenhum controle sobre isso. Simplesmente acontece.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Caipirinha iniciante


Depois de um tempão sem ir à escola por causa das recaídas da gripe e chiado no peito, Sarah voltou à rotina. E a adaptação, é claro, foi necessária novamente. Quando ela era bem pequenina, logo que voltei da licença-maternidade, dava uma olhadinha na janela de vidro para ver como ela estava. Ficava um tempinho lá escondida sem que ela visse. Havia dias que Sarah já estava “enturmada”. Ficava em seu cantinho com os olhos atentos, espiando os passos dos mais velhos, as músicas cantadas pelas professoras. Outros dias ela chorava compulsivamente como se nunca mais fosse sair de lá, estivesse abandonada. Nessas manhãs, inventava um mantra e falava baixinho comigo mesma que isso era para o nosso bem, o futuro dela, afinal eu precisava – e gostava de – trabalhar.

Poucos meses depois as mudanças são imensas. Nesse retorno à escolinha, em princípio, ela chorava muito. Por mais que as “tias” se esforcem, nada bate o empenho do vovô, que cria músicas, imita os sons dos animais, assiste os desenhos, conversa com ela, vai ao parque e inventa mil e uma brincadeiras. Sempre que volto da editora, Sarah tem uma novidade para me mostrar. E olha que eles aprendem tão rápido! A diferença dessa vez é que a pequena -a seu modo – já aprendeu a interagir, compartilhar brinquedos e se distrair.

Como de costume, na semana passada, fiquei lá no meu canto paradinha observando. Ela ficou de frente ao coleguinha e os dois começaram a mexer com umas peças de montar. Ela chamava, ria para ele. E ele respondia. Fiquei tão emocionada, orgulhosa do crescimento dela, de seu desenvolvimento. Dessa vez, eu que segurei as lágrimas. Na quinta, foi a primeira festa junina da qual ela participou. Vestido dado pela prima mais velha Isabela. E que confesso cheguei a achar que acabaria sem usar. Mas me enganei.

Logo cedo, lá estava ela com os olhos bem abertos, me esperando no berço. Parecia se preparar para a festança. Prendi o cabelo, aqueci com roupas de inverno debaixo do vestido e fiz as três pintinhas em cada bochecha. Quando estávamos a caminho da escolinha, mesmo no frio, desfilavam as crianças orgulhosas de sua roupa e prontas para se divertir o resto do dia. Como Sá está em adaptação, saiu cedinho. Mas o vovô tirou uma foto linda (acima).

terça-feira, 29 de junho de 2010

Você faz xixi no banho?



Se a resposta for sim, o meio ambiente agradece. Pelo menos esse é o mote de uma campanha publicitária encomendada pela ONG SOS Mata Atlântica que ganhou prêmio em Cannes.



Segundo o site da campanha Xixi no Banho, quem se alivia embaixo do chuveiro economiza 12 litros de água por dia – isso é o que se gasta apertando a descarga uma vez. Essa economia se reverteria em preservação ambiental, dos recursos naturais às nascentes dos rios. Tudo bem que há outros meios muito mais eficazes de economizar água, como não passar horas no chuveiro ou varrer a calçada em vez de lavar. Mas o legal é que essa campanha pela simplicidade acabou chegando ao público.



Pode não ser um grande diferencial na preservação ambiental, mas já é uma luz no fim do túnel quando o assunto é conscientização sobre os danos ao meio ambiente. Um dos blogs que acompanho, o RNAm compartilha dessa visão sobre o tema. Entretanto, resgata uma opinião mais radical contra o “fazer xixi no banho”, publicada no Rastro de Carbono.

O interessante é que, seja negativa ou positiva, a repercussão está alcançando mais e mais pessoas. Está aí uma deixa para fazer as crianças pensar sobre isso. É legal conhecer os dois lados da moeda e optar pelo que lhe parece melhor. Isso é pensar – e criticamente...

* Confira o vídeo da campanha aqui.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

“É tentando que se aprende”

Foto: http://www.supernanny.com.br/images/2/engatinhar.jpg

No consultório para a visita médica de rotina, estávamos Sarah, eu e o vovozão. Dr José me pergunta o que Sarah anda fazendo no chão. Eu logo respondo que ela fica irritada quando começa a engatinhar porque acha tudo demorado. Penso melhor e assumo que tenho medo que ela bata a cabeça no chão. E ele então me fala que bater a cabeça é normal... fico morrendo de medo e vergonha.

Com o rabo entre as pernas, coloco uma canga no quintal com todos os brinquedos da Sarah. Lá estamos nós em pleno sábado de manhã. Jogo a bolinha azul da Ariel para ela. De repente, ela começa a jogar a bola lá longe. Eu disfarço, seguro meus impulsos. De repente, olho e ela foi buscar a bola com a maior desenvoltura. E passa horas a fio jogando a bola e buscando com a felicidade estampada no rosto.

Carrego mais essa lição para a vida. Por mais que a gente evite, sempre acaba protegendo sem precisar. Afinal, eles precisam de espaço para errar, acertar, viver.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vale a pena investir


 Imagem: Publifolha
Alguns livros valem o investimento. Não há melhor fonte de consulta. Há um que sempre me acompanha nas pautas de saúde e é uma mão na roda para pais. A Saúde de Nossos Filhos é como uma enciclopédia, para consultas e mais consultas.  Da gravidez até a adolescência, há informações sobre os principais temas relacionados a todas as fases. De dicas básicas como a forma correta de medir a temperatura da criança e saber se é hora de ligar para o pediatra até assuntos mais complexos como emergências médicas ou a forma como os pequenos se relacionam com a família e os amigos. 
Para quem planeja ter filhos ou já os tem, esse é um livro que vale a pena.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sabedoria das crianças

Imagem: enluarada.wordpress.com/2009/01/

Deitadas na cama, Andréia, minha tia, e Isabela, de 5 anos, relaxavam até que a pequena trava um debate filosófico com a mãe...

Isabela: Mamãe, raio mata?

Andréia: Mata sim.

Isabela: Mas não é Papai do Céu que manda o raio?

Andréia: É sim.

Isabela: Mas, mamãe, Papai do Céu é tão bonzinho, por que ele mandaria o raio e mataria alguém?

... Silêncio... Andréia busca uma explicação...

Andréia: É que as pessoas ficam debaixo da árvore ou na praia. E quando tem raio, não é seguro ficar nesses lugares.

E isso foi só o começo!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida vista de outro ângulo

Imagem: Paula AnDDrade's /Flickr

A publicitária Silmara Franco é autora do blog Fio da Meada, que acompanhamos há algum tempo. Com um olhar único sobre os acontecimentos da vida, ela escreve com tanta delicadeza que é impossível não ser tocado por suas palavras. Por isso, surgiu a ideia de convidá-la para escrever um texto sobre a maternidade. E não poderia ter sido diferente, a seguir um texto emocionante que traz um pouquinho do que se tornou  sua vida com os filhotes de barriga Luca, 6 anos, e Nina, 3 anos, e o de coração, Bruno, 18 anos.

Sobre fazer gente*

Quando eu estiver diante de Deus para prestar contas, e ele perguntar o que fiz durante a vida, para ver se mereço tomar chá com rosquinhas em sua companhia na varanda do céu, aos sábados, direi: um bocado de coisa. Fiz amigos, irmãos, faculdade, festa. Tricô (crochê não), planos, piada e poesia. Fiz amor, não fiz guerra. Fiz de conta e fiz por merecer. Fiz que não vi, fiz por fazer, fiz sem fazer. Fiz chorar. Fiz tempestade em copo d’água. Fiz bolo para vender no colégio quando tinha quinze anos e vestido na máquina de costura da minha mãe com dezesseis. Fiz aniversário quase uma centena de vezes. Fiz de tudo para ser feliz. Mas se ele quiser saber do que mais me orgulhei de ter feito, responderei: gente.

Tenho um filho que não fui eu que fiz, já veio pronto: meu enteado. Meu primeiro filho foi, portanto, o segundo. Feito quando quase acreditei que não daria mais tempo. Deu. Hoje sei que havia tempo de sobra. A gente nunca entende direito o tempo do tempo. Depois, fiz minha filha. Não há nada mais interessante do que uma mulher com outra dentro. Costumo dizer que tenho, então, três filhos. Dois que saíram da barriga e um que entrou no coração. O que, no final, dá no mesmo. Tatuei seus nomes no verso do meu corpo. Publiquei o amor.

Brinco que quando se tem filhos a vida vira de ponta-cabeça. Interessante: de cabeça para baixo a gente enxerga as coisas de outro jeito, é só fazer um teste na sala de casa. Com filhos, nos despedimos do sono tranquilo, do umbigo próprio, da vida no singular. Damos 'até logo' para a carreira. Por outro lado, dizemos 'olá' aos novos personagens dos sonhos, às diferentes formas de trabalho, à vida no plural.

Fazer filhos é um processo artesanal. Sai um diferente do outro. Uma falhinha aqui, um defeitinho ali. É justamente esse o charme. Quando se decide fazê-los, não se sabe como eles virão. A vida não tira pedido. É tudo surpresa. Não há acasos, porém. Filhos são exatamente como precisamos que eles sejam, e vice-versa. Disso não se deve duvidar, muito menos reclamar. É bom repassar essa lição de vez em quando.

Gosto de ver meus filhos dormindo com o pai. Assim posso decorá-los com calma. Gosto de vê-los tomando banho. Gosto, sobretudo, de vê-los desenhar. Nessa hora eles recriam o que já esqueci. Gosto quando contam histórias sem sentido e fazem associações malucas. Gosto quando aprendem coisas novas; no fundo, estão é me lembrando que não tenho feito isso. Gosto quando cantam fora do tom, inventam notas e vão montando a trilha sonora das suas vidas. Gosto de reconhecê-los pelo cheiro e pelo gosto. Gostaria de carregá-los pelo cangote, como fazem as gatas. E gosto de ver o que não via antes deles.

Perguntaram se os filhos me abriram novos olhos para o mundo. Eu disse que não. Meus olhos são os mesmos de antes. Tudo que fiz foi mudar a direção do olhar.

*Por Silmara Franco, publicitária e blogueira

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma lição de Saramago

Hoje vou deixar um recado para a Sarah e para quem se interessar. Hoje, o gênio José Saramago morreu, mas ele é imortal na nossa memória. Um dos principais ensinamentos que carrego e gostaria que você, filha, tivesse a certeza é que:

“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."

Ensaio sobre a cegueira

terça-feira, 15 de junho de 2010

Espírito de união

Imagem: http://www.itaimpaulista.com.br/portal/uploads/Copa2006007.jpg

Confesso que não sigo os resultados da Copa do Mundo, nem tenho toda aquela empolgação brasileira para acompanhar cada grande jogada da seleção. Mas, isso acontece agora. Acho que fiquei meio chata. Lembro das outras competições em que pintar a rua lá de casa era um evento. Nossa turma esperava os dias que antecediam a Copa do Mundo, arrecadava dinheiro de toda a vizinhança, pintava a rua, colocava bandeirinhas, brincava, interagia. Era maravilhoso. Só de lembrar me arrepio.

A Rê Rossi também tem em suas memórias dias como esses. Ela também não é tão fã de futebol, mas se anima com o patriotismo despertado nessa época (pena que o espírito brasileiro de lutar pelos direitos não vá adiante também nas eleições e em todos os dias do ano!). Quando falei desse post, ela se lembrou de passagens da infância. Mais precisamente da Copa de 86, a primeira que acompanhou. “As crianças da rua se reuniram para pintar os mascotes, as bandeiras. Eu me diverti e essas imagens ficaram na minha cabeça por muito tempo.”

Nesse fim de semana, ela esteve na casa de seu avô João, onde morou até os nove anos. É no bairro da Vila Matilde, um dos mais antigos da zona leste. Ao passar a tradicional Praça da Toco, as ruas estavam coloridas de verde e amarelo. Os comerciantes da região enfeitam toda a avenida principal e o ritmo de copa já começa a pulsar semanas antes da abertura. Nas ruas, muita gente pintando bandeiras do Brasil no chão, o mascote da copa e mensagens de apoio à seleção. A mesma cena na qual estava muitos anos atrás.

Infelizmente, para mim, não teve a repetição da confraternização. Na minha rua, já não existe mais essa confraternização. As crianças mal ficam na rua. Outros tempos. Mas o fim de semana na casa da minha sogra foi animado. O Gil levou a Sá para ver a preparação para a Copa do Mundo. Pais e filhos, juntos, pintavam a ruas e colocavam bandeirinhas na maior alegria.

Outra coisa que tem chamado a atenção é o entusiasmo para fechar a coleção de figurinha no álbum da Copa. Nunca imaginei que esse costume tão antigo pudesse pegar desse jeito. As rodas em volta da banca de jornal reúnem pessoas de todas as idades. Vê-las conversar atentas e trocar – uma coisa tão esquecida – é maravilhoso. Isso me faz pensar que o mundo ainda tem sentimentos de integração, de união. Esse momento da Copa me faz ter esperança que essas sensações ainda prevaleçam o resto dos outros dias. Boa sorte Brasil! Boa sorte para nós, brasileiros!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Toda vida que houver nesse amor


Imagem: http://1.bp.blogspot.com/_tUu_dJGpC7U/Smkbcdm4eoI/AAAAAAAAAYM/KdI8VqUyqeg/s320/gay_adoption_b.jpg

O conceito de família não se limita à formação familiar, mas aos vínculos afetivos, de respeito, admiração... Por isso, chamamos Geisa D'avo para falar sobre a polêmica criada por uma parte da sociedade em relação à adoção de crianças e adolescentes por casais homossexuais. Ela é jornalista, homossexual e escreveu um texto primoroso que fala principalmente sobre a importância de amar.

"A minha história é igual a tantas outras e diferente de tantas outras, mas, como todas, contém algo de bastante peculiar. Para poder contá-la, preciso, antes, recorrer às memórias da minha infância. Nasci numa família bem pouco tradicional, aliás, tão pouco tradicional que renderia boas horas de análises terapêuticas. Desde neném, ‘acompanhei’ meus pais pelos bares da cidade, já que eles, embora tivessem certa idade, não estavam preparados para a responsabilidade de se tornarem, de fato, responsáveis por uma outra vida.

Cresci com a sensação de que não era 100% bem vinda no ambiente familiar. Por anos a fio, tinha a nítida impressão de que aquele casal briguento me desejava ali, mas não sabia o que fazer com meus passos, com meus dias, com meu futuro. E, seguindo meus instintos (ou, quem sabe, minha carência), encontrei em outros lugares aquilo que achava que deveria ter em casa. Construí relações familiares com pessoas que viviam sempre ao meu redor e pude, assim, ‘contornar’ a ausência de autoridade que via nos dois.

Acontece que, passados alguns anos, dei de frente com uma situação para a qual nenhuma das minhas duas famílias – a real e a imaginária – estava pronta para lidar. Descobri, tardiamente, que era homossexual e sabia que se tratava de um fator determinante para o resto da minha vida. Foi aí que, a contragosto, percebi a importância dos meus pais.

Quando proclamei a novidade aos dois, sim, àquelas duas mesmas pessoas que pareciam pouco se importar comigo, enfrentei uma reação que me pareceu contraditória. Ambos tiveram o que posso chamar de ‘surto do futuro’, algo como: “como vai ser daqui para frente? O que vai ser de você? Como você vai viver?”.

Até então, eu não tinha imaginado uma única razão para aquela reação descabida. Afinal, assumir a própria condição sexual – seja ela de qual tipo fosse – não deveria representar um problema em termos de futuro. Mas, no momento em que eles expressaram a preocupação com o futuro, entendi que havia ali algo de importante sobre o passado. No ápice da mágoa, comecei a me libertar da sensação de que meus pais tinham deixado a desejar.

Tanto quanto qualquer casal de qualquer idade e de qualquer época, meus pais não tiveram acesso a um manual intitulado ‘como criar bem seus filhos’ – mesmo porque, não importa quantas sejam as tentativas de se escrever um guia como este, o fato é que é impossível estabelecer condutas perfeitas à criação de uma família.

Ao modo deles, deram o que tinham de melhor e, tantas vezes, deram até mais do que tinham, mesmo que este tanto à época me parecesse tão pouco. E, então, quando comecei a desculpá-los pelos erros e amá-los pelos acertos, comecei a dar vazão a um lado da minha personalidade que sequer imaginava que existia.

A vontade de casar e constituir família, tão heterossexual em seu princípio e conceito, de repente, me parecia atraente. E, quanto mais os anos se passavam, mais desejo eu sentia em concretizá-la.

Hoje, diante de todas as mudanças políticas e principalmente sociais em relação aos tabus da homossexualidade, sei que tenho condições de estruturar uma família em condições mais apropriadas que meus pais tiveram. Os tempos são outros, tudo mudou, e, mesmo o casal antes briguento, agora, vive em clima de paz e satisfação. Eles sabem que fizeram o melhor por mim e que meus passos seguem para bem perto de onde, um dia, imaginaram que eu pudesse chegar.

A única coisa igual entre a família que eles começaram a construir e que eu espero ‘expandir’ é o fato de que, tanto quanto eles, tenho todo o amor do mundo para dar aos meus filhos, mesmo que passe anos sem ter a menor ideia de como fazê-los sentirem-se amados."

Por Geisa D'avo, jornalista

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Primeiro livro



No feriado do ano passado, minha irmã, meu pai e eu decidimos ir à rua 25 de Março, grande centro comercial da capital paulista, para comprar o que ainda faltava do enxoval da Sarah. Lá vi diversas coleções de livros, que continham um cd em que as histórias eram narradas. Não tive dúvidas. Comprei um sobre clássicos e outro sobre folclore. Outro dia, vi uma mulher vendendo outros livrinhos e comprei dois. Lembro que um era do ursinho Memel. As histórias são bem rápidas e os desenhos simples.

Uma amiga minha, Renata, que é jornalista e faz letras, disse que temos de ter atenção às traduções desses clássicos da literatura infantil. Porque entre uma tradução e outra, há grandes diferenças. Além disso, poucas editoras – infelizmente – tem cuidado com gramática e ortografia. Em vez de ser um momento único e de grande contribuição, nas primeiras leituras, a criança acaba aprendendo a escrever as palavras de forma errada. Já pedi para ela escrever um post sobre isso. Ela prometeu que vai fazer.

Na semana passada, entrei na livraria Saraiva do Shopping Santa Cruz e agora a literatura infantil tem um espaço só para ela. Foi a primeira vez que Sarah entrou numa livraria. Ficou fascinada pelas cores, sons, diversidade. Não sabia o que tocar, para onde olhar. Vimos, então, uma prateleira só com livros para ler no banho. Fáceis de pegar, com material macio, eles são ideias para pequenos da idade da Sá, que está com nove meses.

Pesquisei e decidi que usaria um vale de outra livraria para comprar esse livrinho. Neste outro lugar, não havia tantas opções, mas encontramos o “livro de banho” da Ariel, da Difusão Cultural do Livro. O texto diz que ela fingiria se casar com o príncipe Eric. Custou R$ 20. Sei que esse preço não é capaz de difundir nenhum livro, mas se puderem, comprem. Assim que entramos no carro, Sarah, da sua cadeirinha, pisou, olhou todas as figuras, me mostrou. Ficou feliz da vida nos próximos 20 minutos. Um ótimo começo para a biblioteca dela!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Metamorfose constante

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinTSbToGn8TSjuluUjPcn19fVZaJbVOWQZ_4YOKMZ9np-_s0iZSHl7c-PyqITmYAjXWUPvxaWiUIa20MwxT-CwiQfRhMycHAVnNpQ0pmZZZIVUmqXkU3rfD7aPBXzCkeAjxQepi4R0rjJ3/s400/borboleta+na+m%C3%A3o.png

Minha manhã se encheu da alegria. Sarah começou a engatinhar. A seu modo, se arrastou de modo que chegou até onde estava. Reclamou, resmungou, mas estava ali. Bati palmas, dei os parabéns. E ela se empolgou. Ela está com nove meses. Não comprei andador(só para saber, o andador não é recomendado porque faz com que as crianças aprendam a andar errado, inibe boas fases de desenvolvimento e é perigoso porque pode virar e a criança se machucar.), e esperei o momento dela. Não cobrei, não comparei, nem fiquei me perguntando se andaria.

Quando os especialistas dizem que cada criança tem seu ritmo, é verdade. As mães, avós e familiares têm a mania feia de lançar competições. Eles comparam as crianças o tempo todo, apontando quem é mais inteligente e esperto se anda rápido, fala rápido ou bate palmas. Ou mais lento, quando demorou mais para fazer isso que o irmão, a prima ou a vizinha. Isso não é de hoje. Minha avó costuma contar que a vizinha dela dizia que o filho era mais esperto porque já andava, enquanto meu tio ficava parado. Minha avó, que não tinha tanta instrução quanto hoje, ficava preocupada, achando que meu tio nunca andaria. O que a vizinha dela ganhou com isso? Não sei.

Além de ser deprimente ver essas cenas, imagino que seja prejudicial para as crianças. Porque se ela é julgada inteligente, vai acreditar que precisa estar sempre à frente dos outros, se cobrar por isso. E se for considerada lenta, sua auto-estima vai desabar e ela sempre será lembrada como a “preguiçosa” ou que “deu mais trabalho” para os pais. Basta se atentar que em um dia vai ver isso mais de uma vez. Quando começam os assuntos sobre filhos, fico cansada ao perceber que vão dar em competição. Logo, invento uma desculpa e saio de perto.


Voltando às descoberta da minha pequena, são tantas todos os dias... Ela já bate palmas, canta do jeito dela, manda beijos (com uma força impressionante), aponta com qual brinquedo quer se divertir, dá os braços para ficar no nosso colo, reclama (e como!), olha para mim para saber se pode ou não fazer algo, reconhece a família e os amigos, abraça seu gato de pelúcia... É incrível perceber que enquanto tudo isso acontece, em vez de aproveitar, os pais perdem seu tempo contando vantagem com que está ao lado, em vez de dividir aprendizados e desabafos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Falta leite em São Paulo


Imagem: Ministério da Saúde

Você está amamentando? Tem leite de sobra? Já pensou em doar? Então, entre em contato com um dos Bancos de Leite Humano. É que no inverno, os estoques – que nunca estão em alta – caem ainda mais.


Para doar é preciso ter leite excedente, ou seja, você tem de dar conta de amamentar o seu bebê e ainda sobrar para coleta. Não adianta querer doar poucas gotinhas, mesmo que a intenção seja altruísta. O mínimo é 50 ml, mas há quem consiga coletar mais de um litro por semana.


É preciso apresentar exames de sangue que descartem uma série de doenças. Quem toma medicamentos controlados, antibióticos, ingere bebidas alcoólicas ou usa drogas não pode doar.


Para cada região da cidade há um centro de referência que explica como fazer a coleta. Há equipes que fazem a retirada toda semana do leite. Para saber qual o mais próximo de sua casa, acesse a Rede de Bancos de Leite Humano.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma manhã de descobertas





Como boa paulistana que sou, decidi fazer o teste do novo trecho do metrô. Em tese, essa nova linha facilitará minha chegada ao trabalho. A promessa era fazer o trecho em menos de quatro minutos. De ônibus levo cinco vezes mais. Todos que estavam indo para a estação Paulista pareciam cronometrar o tempo. Comigo não podia ser diferente. Marquei no relógio a hora que entrei na estação, o tempo que levei para chegar até a plataforma (são muitas escadas para descer. Se não me engano, seis lances) e o tempo do trajeto.
A modernidade paira no ar. Portas antissuicídio, trem sem condutor, catracas com sensor de presença e, é claro, o que mais interessa aos paulistanos: economia de tempo. E apesar de tudo isso, o que mais me chamou a atenção foram dois largos sorrisos cruzando o vagão em que eu estava. Eram um avô e seu neto. Ambos descobrindo o novo, cada um a seu modo e em sua velocidade. O menino estava empolgadíssimo e dizia: “Vem vô! Olha só, não tem mais parede entre os vagões. Vamos andar por todo o trem”. O avô, que tinha certa dificuldade de se locomover, também explorava essa nova experiência. A expressão de fascínio era a mesmo nos dois rostos. E lá se foram eles prestando atenção em cada detalhe, até sumirem por entre os passageiros. Segundos depois chegamos ao destino final.
Eu esqueci de finalizar o cronômetro e cheguei a duas conclusões: 1. Todo mundo tem uma criança dentro de si, sempre disposta a explorar, conhecer, questionar, descobrir. 2. O tempo – na verdade a falta dele – nos faz sufocar essa criança e nos preocupar muito mais com os segundos a economizar do que com o que realmente importa. Cheguei atrasada no trabalho por conta do teste, mas feliz da vida!   

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Para qual maternidade eu vou?


Imagem: http://www.net-bebes.com/wp-content/uploads/2009/10/MaeIdeal.jpg

Sarah nasceu em agosto. Mas no início de junho o Gil e eu agendamos uma visita à maternidade onde ela nasceria. Além de saber mais sobre os especialistas, a estrutura e os melhores caminhos para chegar no local do nascimento, nós nos sentimos mais seguros. Natural, porque normalmente temos medo do desconhecido. Sabendo onde fica o que, que tipo de segurança o bebê vai ter, quais são os recursos necessários para garantir o bom atendimento para mãe e filho, fica muito mais organizado e tranquilo.

Esses dias, em uma conversa com a dra Teresa Uras, coordenadora da UTI Neonatal do Samaritano, foi levantada essa questão sobre a escolha da maternidade. Ela me disse que os pais estão muito preocupados com os hospitais super parecidos com hotéis com telões, salas de estar para receber os visitantes e uma linda vista. Mas esquecem do principal: a estrutura de alta tecnologia e equipe capacitada, caso ocorra algum inconveniente durante o parto. Isto é, suporte de uma UTI Neonatal e UTI para a mãe também. É claro que nunca pensamos que um momento mágico como o nascimento de um filho vá ter uma surpresa dessas, mas isso pode acontecer. O ditado é clichê, mas não deixa de ser verdade: melhor prevenir do que remediar.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A descoberta dos bichos


 Fotos: arquivo pessoal
 No domingo fomos ao zoológico. Foi a primeira vez do meu sobrinho Caio e de sua mãe, Paula. No caminho fizemos uma chamada oral básica perguntando que animais veríamos por lá. Ele, que está na fase “papagaio” se esforçou para repetir todos os nomes. Só faltou dromedário (Tá bom, pegamos pesado...rs). Depois de um treino para simular o rugido do leão, estávamos prontos para ver ao vivo tudo que se vê nos livros e na TV. O encantamento tomou conta tanto da mãe quanto do filho, já na primeira parada - a ilha dos macacos.
Enquanto os animais faziam suas micagens, Caio repetia: ma-ca-co, com um sorriso estampado no rosto. A cada parada uma nova surpresa, até que chegamos à casa dos animais mais aguardados: as girafas! Ele ficou encantado com as pintinhas e o tamanho, descrito por ele como “enoooorme”, acompanhado de um gesto levantando as mãos para mostrar o quanto elas eram grandes mesmo.
O leão, danadinho, estava dormindo. Assim como o hipopótamo. O rugido, quem deu foi o tigre siberiano, que parecia irritado com os acenos dos visitantes. Vimos como é a casa das formigas e a barulheira que as araras fazem – para mim, as preferidas. A arara azul estava tão imponente quanto da última vez que a visitei (há mais de 15 anos!). A última descoberta do Caio, antes de cair no soninho dos anjos, foi o almoço dos camelos: eles comem ma-to... Já em casa, ele narrou ao tio Flávio, que estava no Rio e não chegou a tempo de pegar o passeio, todos os bichos que viu lá.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fofinhos demais



Imagem: http://gizmodo.com/328771/upside+down-xbox-360-sofas-kill-fat-children


Reunir fast food, pouca (em geral, nenhuma) atividade física e horas na televisão, videogame ou computador resulta em crianças obesas. Isso é fato, no Brasil e no mundo. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que o número de crianças obesas do Brasil cresceu 240% nas últimas duas décadas. Uma matéria publicada na Pesquisa FAPESP mostra que as mães não conseguem reconhecer seus filhos como obesos. Foram avaliadas 1282 crianças de 7 a 10 anos em Vitória, no Espírito Santo. Apenas 10% das mães reconheceram que seus filhos estavam acima do peso ou obesos. Certa vez, uma endocrinologista infantil me disse que essa epidemia de obesidade infantil está aí porque quem cuida das crianças é a “baba eletrônica” (no caso, TV, videogame e computador) e como ela é muito permissiva, refrigerante pode, pipoca de micro-ondas pode, bolachas e mais bolachas recheadas? Também pode. 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Faça Bonito. Proteja nossas crianças e adolescentes

 Imagem:  Andi

"Faça Bonito. Proteja nossas crianças e adolescentes"
Lema do Comitê de Enfrentamento.


Ontem foi Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração contra Crianças e Adolescentes. Segundo dados da ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), só nos quatros primeiros meses de 2010 já foram contabilizadas cerca de 4 mil ocorrências de violência sexual contra meninos e meninas. É uma realidade triste, que assombra. E a pergunta que me faço é: Porque não está estampada nas capas dos jornais ou revistas? Ultimamente o que se vê são denúncias de pedofilia entre padres, mas para por aí? Um artigo da diretora-executiva da ONG Childwood Brasil, Ana Maria Drummond, publicado na seção Tendências e Debates da Folha de ontem* afirma que a cobertura jornalística está, aos poucos, se qualificando. Para mim, ainda falta espaço para questões sociais e suas reflexões, enquanto sobra para outros temas...

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Porque o dia 18 de maio? Porque nesse dia, no ano de 1973, uma menina de oito anos foi raptada no Espírito Santo. Depois de uma série de atrocidades, ela foi carbonizada e os responsáveis nunca foram punidos. Há 10 anos a data foi escolhida como exemplo do que é preciso combater: impunidade, desrespeito, subjugação; e a favor dos direitos das crianças e adolescentes, melhores condições de vida, educação e por aí vai... 

* para ter acesso ao artigo na Folha Digital, é preciso ser assinante do jornal ou do UOL.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Curso de gestante



 Foto: http://www.gnomeandlotus.com/Pregnancy%20shots%20011.jpg

Hoje tive de fazer uma matéria sobre um curso de gestantes. Eu imaginava o que se aprende nesses encontros com base no que vi em filmes. O que me chamou a atenção é que os cursos vão além das informações básicas, como trocar fraldas ou posição correta para segurar o bebê na hora de amamentar. No curso sobre o qual escrevi que é oferecido por uma grande empresa, as gestantes ganham uma cartilha super completa que explica tudo o que muda no corpo ao longo dos nove meses, além de informações sobre o desenvolvimento do feto. Fiquei impressionada ao saber que aos quatro meses o bebê já boceja, aos seis abre os olhos e aos oito soluça! 


Como nem todas as empresas têm essas oportunidades, é possível fazer cursos individuais. Há maternidades que oferecem as aulas e até empresas especializadas. Para quem quer economizar, uma alternativa são os cursos virtuais. Achei um super bacana no site bebe.com  com a consultoria dos profissionais da maternidade do Hospital Albert Einstein. Só é preciso se cadastrar e acompanhar as aulas, disponibilizadas toda semana.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Voto consciente

Fiquei com receio de fugir do foco desse blog, mas pensei bem e não existe nada tão importante do que tomar atitudes que vão mudar o presente e o futuro dos nossos filhos. Às segundas-feiras, tenho o costume de ler Eliane Brum, repórter especial da Revista Época. Sempre vale à pena. Ela tem uma sensibilidade sem igual. Esta semana, fiquei chocada com o que li.

Ela levantou uma questão preocupante. Alguns políticos tentaram cercear o direito do filme Elite da Tropa 2 de mostrar no enredo a participação de deputados, vereadores, entre outros, nos crimes. (Só para constar: no filme, os autores traçam toda a linha criminosa em torno do tráfico de drogas, que tem a colaboração de políticos, pessoas que se dizem do bem, moradores do morro e de bairros elitizados. É estarrecedor!) Esses políticos querem voltar com a censura.

Eliane, então, questiona se lembramos em quem votamos e se acompanhamos o que os eleitos estão fazendo... sempre me questiono quanto a isso. E acho que vale à pena entrar no site da ONG Transparência Brasil para checar sempre que possível onde eles aplicam o nosso suado dinheiro e o que estão fazendo em benefício do nosso país. Não custa nada. Melhor ainda: não avaliar em que votamos custa o nosso futuro, dos nossos filhos e de outras milhares de pessoas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sonho de ser mãe

Entre tantos filmes publicitários sentimentais que foram veiculados na tevê em comemoração ao Dia das Mães, um me chamou a atenção. Na hora, achei que esse comercial das lojas Renner tinha se destacado porque eu fico pensando em detalhes na publicidade (escrevo sobre isso), mas minha mãe também se emocionou. É sobre uma mulher que faz um teste de gravidez e começa a imaginar os momentos maravilhosos ao lado do filho. No final, ela para, descobre que ainda não está grávida e diz que não vai desistir. Ouso arriscar que foi a primeira vez que as mulheres que sonham em se tornar mães foram lembradas nesta data. Minha mãe se identificou muito. Durante muito tempo, ela tentou engravidar, fez tratamentos, mas não conseguia. Até que depois de alguns ano, eu apareci. Fica a homenagem para a coragem e perseverança dessas mulheres.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Confusão de sentimentos

Imagem: http://i.olhares.com/data/big/61/610100.jpg


Em uma das conversas com a minha mãe, surgiu um assunto que gera bastante discussão. Como funciona e aparece o amor materno? Aquela dedicação total, cuidado, zelo. Quando estamos grávidas, normalmente conversamos muito com nosso bebê, desabafamos, já sentimos algo forte por ele. Mas nossa conclusão foi que o amor maior de mãe mesmo é cultivado diariamente. Nos primeiros dias, a gente vai criando ainda mais afeição, carinho, ternura... essa explosão do sentimento acontece um dia após o outro.

Não acredito muito nessa história de que todas as mulheres nascem com o olhar materno. Isso é aprendido e desenvolvido durante a vida. O sentimento fica, sim, muito maior do que poderíamos sequer imaginar. Lembrei disso porque estava dando uma olhada nas notícias do dia até me deparar com a análise de uma psicóloga em relação aos tristes sentimentos que as mães, que tiveram seus filhos trocados, experimentaram.

Cada uma, a seu modo, criou, amou, educou, o filho. Mostrou o melhor de si até que um belo dia descobre-se que o seu sangue está em uma criança na casa de outra pessoa. Já parou para imaginar como deve ser confuso o sentimento de amar muito quem está contigo e acabar conhecendo o filho do seu sangue depois de um ano, sendo que as outras pessoas esperam que você o ame também? Mães e crianças estão sofrendo muito com essa transição. Não podia deixar de compartilhar esse texto com vocês.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Brechó infantil

Sempre me disseram que as roupas deixam de servir nas crianças de uma hora para outra. Aí, não tem jeito, elas perdem muitas roupas mesmo. Ganhamos muitas roupinhas, o carrinho e bebê-conforto que eram de outras crianças e estavam novinhos. Afinal, não dá tempo de usar muito, né? Esses dias eu separei diversas pecinhas que não serviam mais na Sarah e dei. Eu prefiro dar as coisas, mas fiquei sabendo de um brechó e loja de ponta de estoque de artigos infantis lá na Vila Mariana, próximo ao metrô Ana Rosa. Mesmo para quem costuma dar e não vender, Xereta é uma ótima opção para encontrar produtos semi-novos a preços bem mais baratos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Alguns valores


Imagem: http://www.nadialopes2.blogger.com.br/maos%20dadas.JPG

Finalmente hoje terminei de ler o livro indicado no post anterior. Ando meio pensativa esses dias. Tenho certeza que não jeito certo e padrão de criarmos nossos filhos, mas tem certas atitudes que me fazem pensar... Penso muito em que exemplos, valores, sentimentos deixarei para a Sarah. Todos os dias faço um esforço para trazer para ela atitudes positivas, incentivo às tentativas, momentos de carinho, afeto e doçura. É difícil. Sei que chegamos cansados do trabalho, do trânsito, das noites sem dormir, mas cada esforço vale à pena.

Tentamos nos preparar para as dúvidas que viram – e serão muitas. Tanto nossas quanto deles. E será que vai haver resposta para cada pergunta? Até não encontramos as nossas próprias respostas. O importante é que não se reprima a curiosidade. Aquela vontade que nosso pequeno tem de passar a mão nos tecidos, sentir o gosto do brinquedo na boca, o cheio da mãe mesmo depois de trabalhar o dia todo... Essa curiosidade merece ser aguçada.

O que também não quer dizer que deixemos as crianças fazerem o que quiserem, falarem no tom que quiserem e que os outros sejam obrigados a entender e encarar numa boa. Não é porque é nosso filho que todos são obrigados a achar cada atitude maravilhosa, mesmo quando não existe respeito à casa do outro, ao espaço do outro. Enfim, não era disso que queria falar exatamente.

Continuando o raciocínio lá de cima, lembrei de um blog, que até está no nossos favoritos, que é o Para Francisco. A blogueira é a Cris Guerra que viveu um grande amor, engravidou e aos sete meses teve uma perda enorme: o pai de Francisco, seu filho lindo, teve uma morte súbita. Ela teve que lidar com a sensação de perda e, ao mesmo tempo, completude, porque pouco tempo depois veio o pequeno trazer cor para o seu mundo.

Descobri esse site quando estava grávida, li post por post. Ela conta de forma tão delicada sua história e sensações, que não tem como não se emocionar. É como um diário, em que a cada relato apresenta um pouquinho dela mesma e do pai para Francisco. Vale à pena ver como eles viveram esse amor e como ela cuida para que o pequeno Cisco descubra alegria todos os dias da vida.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Lição de vida


Aproveitamos para comemorar meu aniversário e o Dia das Mães. A Sarah e o Gilson me deram um porta-retrato com a foto da Sá e dizendo o que significava para ela. Meus olhos ficaram marejados. É inacreditável como o Gil sempre pensa nos detalhes delicados. Não digo que esse foi o meu primeiro dia das mães porque no ano passado ela já estava comigo. Mas foi o primeiro com o abraço, o cheiro, o beijinho, os sons dela.

Neste fim de semana, comecei a ler um livro que me fez pensar em muitas coisas. A leitura é rápida, embora o tema seja forte. Uma verdadeira lição de vida. Trata-se de Tantos dias: Memórias de uma luta pela vida (ed. Globo), relato do jornalista Marco Uchôa que lutou durante alguns anos contra o câncer, e da também jornalista Anna Costa, sua esposa, que deu seu olhar bem particular sobre tudo que a família enfrentou durante esse tempo.

Infelizmente, Marco não está mais por aqui, mas deixa sua marca, sua grande contribuição e olhar sobre a vida. O casal conta como fez para tornar a vida mais leve, mesmo diante de tanta dificuldade. A Rê Rossi ajudou a transcrever os escritos de Marco. Só para vocês terem uma ideia, vou contar brevemente uma das histórias. Quando Marco perdeu os fios de cabelo, momento do ápice do tratamento e marcado por sua intensidade, ele e Anna decidiram comprar uma peruca black power para mostrarem ao filho deles, então com seis anos, o lado divertido e descontraído da vida. O que poderia ser triste foi transformado em grandes risadas.

sábado, 8 de maio de 2010

Primeiras palavras

Imagem:  http://www.palavrasiluminadas.com/wp-content/uploads/2008/03/letras1.jpg

Nada melhor neste mundo do que chegar de um dia cheio de trabalho, encontrar a nossa casa cheia de alegria. Isso tem sido rotina na minha vida. Ainda bem! E ontem eu tive uma surpresa tão doce... Estava brincando com a Sarah. Era umas 20h. Então, no meio da brincadeira era pronunciou sua primeira palavrinha: “papai”. Falou certinho, tão fofa!

O Gil estava na faculdade. Eu imediatamente liguei para ele para contar. Ele ficou super feliz, nem acreditava que a Sá já tinha dito a primeira palavra. Quando fui preparar as coisas para o banho dela, ela me chamou. Nesta hora, falou “mamã” para me chamar. Fiquei tão orgulhosa da minha pequena. Vê-la se desenvolvendo dia a dia não tem preço!

A Sarah já emitia sons deste bem pequena. Ela tinha poucos meses - não lembro com exatidão - quando começou a balbuciar. Hoje li uma reportagem que escrevi há uns dois anos sobre o desenvolvimento motor e cognitivo dos bebês. A Sarah ainda nem estava por aqui. Lá dizia que nesta fase, entre os oito meses e um ano, o bebê começa a dar significado as coisas. Já identifica quando você pede para mandar beijos, por exemplo. Claro que cada um tem seu ritmo...